Como escolher o carregador ideal
A escolha do carregador certo é uma decisão estratégica para quem vai operar um eletroposto ou instalar uma estação de recarga em casa ou na empresa. Carregadores variam em tipo de corrente (AC ou DC), potência, tempo de recarga e custo, e cada aplicação exige uma solução específica. Entenda as diferenças e saiba qual é o equipamento ideal para a sua necessidade.
Tipos de carregadores e velocidades de recarga
Os carregadores são classificados em níveis de potência. Eles se dividem, principalmente, entre equipamentos de corrente alternada (AC) e de corrente contínua (DC).
Carregadores portáteis (nível 1, AC) – São os cabos que acompanham o veículo ou podem ser adquiridos à parte. Utilizam tomadas residenciais de 127 V ou 220 V e entregam potência limitada (cerca de 1,4 kW a 3 kW). Uma carga completa pode levar de 20 a 40 horas, por isso são recomendados apenas para emergências ou para recargas eventuais.
Wallbox residencial (nível 2, AC) – Instalado na parede, opera em 220 V e oferece potência de 7 kW a 22 kW. Isso reduz drasticamente o tempo de recarga: uma bateria média pode ser carregada em 6 a 8 horas a 7 kW, ou em 3 a 4 horas a 22 kW. É a solução mais adequada para uso diário em casas e empresas, pois alia segurança e praticidade.
Carregadores comerciais semirrápidos (22 kW, AC) – Voltados a estacionamentos, shoppings e frotas corporativas, operam em trifásico e carregam um veículo em 2 a 4 horas. Podem atender dois carros simultaneamente e incluem sistemas de autenticação e pagamento, sendo ideais para locais com alto fluxo.
Carregadores rápidos (50 kW, DC) – Usados em rodovias e postos urbanos estratégicos. Permitem recargas de 20 % a 80 % da bateria em cerca de 30 a 60 minutos. Operam em corrente contínua e exigem veículos compatíveis com padrões CCS ou CHAdeMO.
Carregadores ultrarrápidos (acima de 100 kW, DC) – Representam o topo da escala. Equipamentos de 150 kW podem carregar 80 % da bateria em 10 a 15 minutos. Alguns modelos, como o Grid Zero da BYD, integram baterias internas para driblar limitações da rede elétrica. São indicados para rodovias e frotas de ônibus ou caminhões.
Custos de aquisição e instalação
O custo do carregador varia de acordo com a potência e os recursos oferecidos:
Carregadores portáteis – de R$1,5 mil a R$3 mil.
Wallbox residencial (7 kW a 22 kW) – variam de R$2 mil a R$10 mil, sendo comum a faixa de R$3 mil a R$7 mil para modelos confiáveis.
Carregadores comerciais AC (22 kW) – partem de R$10 mil e podem chegar a R$30 mil em versões com duas saídas.
Carregadores rápidos DC (50 kW) – custam entre R$100 mil e R$150 mil.
Ultrarrápidos (150 kW ou mais) – exigem investimento de cerca de R$300 mil ou mais.
Além do equipamento, há despesas de instalação: colocar um wallbox em casa custa de R$1 mil a R$2,5 mil, podendo aumentar se forem necessárias adequações no quadro elétrico ou nos cabos. Para estações comerciais e rápidas, o custo inclui obras de infraestrutura, aumento de demanda contratada e, em alguns casos, transformadores dedicados.
Impacto na experiência do usuário
A velocidade de recarga influencia diretamente a experiência do motorista. Carregadores portáteis são lentos e devem ser usados apenas em situações pontuais. Wallboxes atendem bem ao uso diário, pois permitem carregamento completo durante a noite. Já os semirrápidos e rápidos atendem clientes em trânsito ou veículos de frota que precisam de rotação rápida. Ultrarrápidos proporcionam conveniência semelhante a um abastecimento tradicional, mas exigem veículos compatíveis e justificam-se em corredores rodoviários e aplicações de alto fluxo.
Para o operador do eletroposto, a escolha impacta na atratividade do serviço e no retorno do investimento: equipamentos de maior potência exigem capital e infraestrutura robusta, mas atraem usuários em busca de recargas rápidas e permitem cobrar tarifas mais altas por kWh. Já carregadores AC atendem a usuários que vão permanecer no local por algumas horas, como clientes de shoppings ou restaurantes, aumentando a permanência e o consumo nesses estabelecimentos.
Critérios para escolher o carregador ideal
Perfil de uso – Defina se a recarga atenderá usuários residenciais, clientes de varejo, frotas corporativas ou motoristas de longa distância.
Potência disponível – Verifique a capacidade elétrica do local. Wallboxes de 7 kW a 22 kW requerem linha 220 V; semirrápidos demandam trifásico; rápidos e ultrarrápidos exigem subestações dedicadas.
Compatibilidade do veículo – Certifique-se de que o modelo de conector (Tipo 2, CCS, CHAdeMO) e a potência suportada pelo carro são compatíveis com o carregador escolhido.
Orçamento e retorno – Considere tanto o preço do equipamento quanto os custos de instalação e eventuais obras civis. Avalie o público-alvo para estimar a taxa de ocupação e o payback.
Conclusão
Escolher o carregador ideal envolve equilibrar custo, infraestrutura e expectativas do usuário. Para residências e pequenas empresas, wallboxes de 7 a 22 kW oferecem o melhor custo-benefício, pois carregam o veículo em poucas horas com segurança. Estabelecimentos comerciais com fluxo moderado podem optar por estações semirrápidas de 22 kW para atrair clientes e colaboradores. Já eletropostos em rodovias e operadores de frotas devem investir em carregadores rápidos ou ultrarrápidos, que reduzem o tempo de parada e proporcionam uma experiência comparável à de abastecer com combustível. Avaliar o perfil de uso e a capacidade elétrica disponível é fundamental para garantir que o investimento em mobilidade elétrica traga benefícios tanto para o negócio quanto para os usuários.

